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Marco histórico da cirurgia fetal de mielomeningocele, o estudo MOMS completou 10 anos

A mielomeningocele é o defeito congênito mais comum do sistema nervoso central, afetando cerca de 1.500 recém-nascidos. É uma anomalia caracterizada por protrusão de meninges, raízes nervosas e medula através de uma abertura no arco vertebral, o que pode levar à paralisia dos membros inferiores, diferentes graus de restrições no desenvolvimento intelectual, disfunções intestinais, gênito-urinárias e ortopédicas. Classicamente, a correção da mielomeningocele é feita logo após o nascimento.

O estudo MOMS – Management Of Myelomeningocele Study publicado em março de 2011 (Adzick NS et al. A randomized trial of prenatal versus postnatal repair of myelomeningocele. N Engl J Med. 2011 Mar 17;364(11):993-1004), representou um verdadeiro marco histórico no tratamento da mielomeningocele pois trouxe novas perspectivas para as famílias que enfrentam essa condição devastadora.

A justificativa para realização da cirurgia fetal aberta para correção da mielomeningocele baseou-se na possibilidade de prevenir ou minimizar os efeitos da migração do tronco cerebral e das lesões de raízes nervosas decorrentes da exposição prolongada no líquido amniótico. Neste estudo ficou estabelecido a superioridade da correção intrauterina em comparação com a conduta conservadora de tratamento pós-natal, reduzindo as complicações neurológicas e melhorando as condições motoras destas crianças.

A partir dos resultados promissores do estudo MOMS, este procedimento deixou de ser experimental e passou a ser realizado em diversos centros mundiais e abriu a possibilidade no tratamento de outras anomalias fetais que apresentam risco de vida ou deficiência grave para a criança. Neste sentido, tivemos a oportunidade do pioneirismo em nosso país podendo ser avaliado em nossa publicação referente à cirurgia da mielomeningocele (Moron AF et al. Perinatal outcomes after open fetal surgery for myelomeningocele repair: a retrospective cohort study. BJOG. 2018 Sep;125(10):1280-1286) e na cirurgia da encefalocele occipital (Cavalheiro S et al. Fetal surgery for occipital encephalocele. J Neurosurg Pediatr. 2020 Sep 11:1-8).