PROGRAMAS ESPECIAIS

Cirurgia fetal

Avanços substanciais em modalidades de imagem, instrumentação e técnica cirúrgica levaram a intervenções notáveis ​​no feto. Atualmente, existem múltiplas anomalias fetais, que podem ser tratadas com cirurgia pré-natal. O padrão de tratamento para a maioria das anomalias fetais segue a recomendação de ser realizado após o nascimento em local adequadamente planejado, entretanto, um número crescente de anomalias fetais tem se mostrado potenciais candidatas à realização de cirurgia antes do nascimento. Na primeira década do século 21, foram introduzidos refinamentos na seleção e tratamento de pacientes, e ensaios clínicos randomizados elucidaram a segurança e eficácia da terapêutica cirúrgica fetal. As indicações para a cirurgia fetal foram estendidas a defeitos congênitos não fatais, mas graves, como a espinha bífida entre outras.

A realização de cirurgia fetal é fundamentada no paradigma de que a anomalia é passível de ser diagnosticada com exatidão, o conhecimento da sua evolução sem o tratamento cirúrgico e o risco de óbito fetal ou grave incapacitação. Neste contexto, os principais desafios e riscos envolvidos em cirurgia fetal referem-se aos parâmetros para sua indicação; características da anomalia fetal; condições clínicas do feto; complexidade do procedimento; uso de anestesia e medicamentos e os riscos de infecção, hemorragia, prematuridade e óbito perinatal. 

Utilizamos três abordagens distintas de cirurgia fetal: (1) guiada por ultrassonografia onde o cirurgião realiza procedimentos fetais através de instrumentos chamados de “trocater” que é introduzido em órgãos ou cavidades com a finalidade de descompressão utilizando válvulas de derivação. Neste grupo temos as derivações em casos de uropatia obstrutiva, hidrocefalia e derrames pleurais; (2) guiada por instrumento chamado fetoscópico que permite visualizar as estruturas para a abordagem cirúrgica como nos casos de anastomoses vasculares placentárias em gestações monocoriônicas complicadas pela síndrome da transfusão feto-feto onde é realizado a ablação destes vasos sanguíneos com laser. Outro exemplo refere-se à hérnia diafragmática grave onde é necessário a inserção de um balão inflável no interior da traqueia fetal para permitir o desenvolvimento pulmonar; (3) Cirurgias abertas onde o útero exposto para fora da cavidade abdominal e através de monitoramento ultrassonográfico é possível realizar uma abertura no útero e realizar procedimentos cirúrgicos da mesma maneira que são feitos após o nascimento como a correção da mielomeningocele, encefalocefe, teratoma sacro-coccígeo, malformação cística adenomatosa de pulmão.

O tratamento cirúrgico fetal requer o trabalho de uma equipe multidisciplinar (obstetra, especialista em medicina fetal, cirurgiões especializados, como por exemplo, neurocirurgião pediátrico, geneticista, anestesista, pediatra, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, entre outros), onde cada profissional tem sua função, interagindo em todos os momentos do tratamento. Os riscos maternos não devem ser negligenciados estando relacionados basicamente ao procedimento e ao uso de medicamentos. A equipe cirúrgica deve ter preparo adequado, utilizando técnicas eficientes e seguras incluindo cirurgiões com habilidade para correção de anomalias associado e capacidade para manter estáveis as condições hemodinâmicas maternas e fetais durante todo o procedimento. É fundamental dispor de infraestrutura hospitalar de nível terciário de alta complexidade e com recursos para tratamento intensivo materno e do recém-nascido.

A abordagem multidisciplinar que usamos combina a experiência de profissionais de programas estabelecidos em Medicina materno-fetal, neurocirurgia pediátrica, cirurgia pediátrica, neonatologia, anestesia, infectologia, cardiologia pediátrica, genética clínica, radiologia, psicologia e enfermagem.

Recomendamos agendar uma consulta de aconselhamento genético e em Medicina Fetal para confirmação do diagnóstico e planejamento para a realização de eventual procedimento. No dia do atendimento é importante trazer os exames laboratoriais e de imagem realizados durante a gestação para analisarmos o quadro de uma maneira evolutiva. Todos os membros da nossa equipe multidisciplinar de Centro de Tratamento Fetal desempenham um papel fundamental no seu tratamento. Nossa equipe se reúne para discussão de casos clínicos e evolução dos pacientes durante o tratamento que estão sendo submetidos com o objetivo de tornar as intervenções fetais ainda mais eficazes.

As mulheres incluídas no PROGRAMA serão acompanhadas de maneira longitudinal com monitoramento constante incluindo as informações do desfecho puerperal em relação aos parâmetros assistenciais no contexto da assistência baseada em evidências e valor.

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