Importância do diagnóstico da infecção por citomegalovírus durante a gravidez
A citomegalovirose é a infecção congênita mais comum no período perinatal e considerada a principal causa não genética de perda auditiva neurosensorial congênita e dano neurológico de acordo com a publicação “Cytomegalovirus infection during pregnancy: state of the Science” (Leruez-Ville M, Foulon I, Pass R, Ville Y. Am J Obstet Gynecol 2020 Sep; 223(3):330-349).
O comprometimento fetal pode ser decorrente de infecção materna primária secundária durante a gravidez. Considera-se que 40-50% dos recém-nascidos infectados desenvolvem sequelas após a infecção primária no primeiro trimestre. O teste sorológico antes das 14 semanas é fundamental para determinar a imunidade da gestante para o citomegalovírus ou para eventualmente identificar a infecção materna neste período.
Na Europa e nos EUA, a infecção primária no primeiro trimestre é observada principalmente em mulheres jovens e com filhos com menos de 3 anos. A infecção por citomegalovírus deve ser considerada na ultrassonografia obstétrica em casos de restrição de crescimento fetal, anomalias do sistema nervoso central, derrame pleural, ascite, aumento da espessura placentária ou redução do volume do líquido amniótico. O diagnóstico da infecção fetal é feito por amniocentese a partir de 17 semanas através da identificação do citomegalovírus no líquido amniótico.
O tratamento inclui o Valaciclovir que diminui as taxas de transmissão vertical de 29,8% para 11,1% e aumenta a probabilidade do nascimento de crianças assintomáticas. É provável que o valaciclovir administrado a recém-nascidos sintomáticos melhore os sintomas auditivos e neurológicos, cuja extensão e duração do tratamento ainda são discutidas.